quinta-feira, 22 de julho de 2010

Stop Bus


Não sei quanto à vocês, mas já sentiram em um período muito estranho da sua vida, onde todos te cobram demais, tudo parece mais difícil e você não tem escapatória, uma coisa acontece pra acabar com isso tudo? pra mim não foi diferente, ta tudo assim e do nada eu me pego falando de problemas e confusões, lugares onde eu fui, pessoas que encontrei com alguém que eu nunca vi na minha vida.
Não foi um dia qualquer. Eu estava estressado, coisas pra entregar, dias de luta em casa, meu violão solitário sem as cordas, já chorava de saudades de tocar alguma coisa e eu sem tempo pra nada. Sentia minhas pernas trepidarem toda hora de cansaço, meus ombros caídos pra frente não querendo se levantar e me mostrando que o dia não ia ser fácil.
Eu volto da minha hora de almoço, encontro tudo desorganizado como sempre e uma presença diferente me incomoda muito. Não que eu seja chato, mas não me sinto à vontade com algumas coisas, ainda mais do jeito que eu estava. O dia foi terminando, o sol baixando, eu louco pra ir pra casa dormir na minha cama, que eu parecia já escuta-lá da minha cadeira do trabalho, foi quando uma cachaça na geladeira me deixou contente e eu não queria mais ir embora.
Minha hora já tinha passado e aquela presença diferente não me incomodava mais e até me fez companhia. Me surpreendi com aqueles olhos escuros com quem conversava, eles eram profundos, até mesmo na noite quente que fazia em São Paulo eu conseguia enxergar a profundidade deles. O Sorriso eu não preciso comentar,eu nem devo comentar, se não eu poderia fazer quem esta lendo isso aqui ficar hipnotizado do jeito que quem escreve aqui ficou.
Cada história me tomava segundos de admiração por alguém que instantes atrás me incomodava muito. Me identificava em cada linha falada por ela, me acabava de rir e de achar graça de coisas que eu também já fiz muito. Nisso algumas dezenas de ônibus que me levariam pra minha cama já tiveram passado por ali, e eu não estava nem aí pra eles, muito menos pra minha cama. Só queria terminar a conversa inacabável de quase 4 horas na frente do ponto de ônibus que não acabaria nunca.
Ela se despediu com vontade de continuar falando, ganhei o dia e valeu a quarta feira quente que me assombrará o dia inteiro. Ainda achei que faltou algo aquela noite, mas nada que não compensasse em um dia próximo àquele.

Eu adoro os pontos de ônibus.